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Batman bate recorde de Bilheteria
Apesar da
tragédia no dia da estreia de Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge nos
Estados Unidos, quando um atirador que dizia ser o Coringa matou 12 pessoas e
deixou dezenas de feridos em um cinema do Colorado, o filme lidera as
bilheterias americanas com folga em seu segundo fim de semana de exibição. De
acordo com as projeções da indústria cinematográfica, o terceiro longa da
trilogia de Cristopher Nolan deve faturar US$ 64 milhões neste fim de semana,
alcançando um total de US$ 289 milhões.
No entanto, o
terceiro Batman ficou atrás de Batman - O Cavaleiro das Trevas, de 2008, em
seus primeiros dez dias de exibição. O segundo longa da trilogia faturou US$
313,7 milhões, superando o filme que está atualmente em cartaz em US$ 25
milhões.
A Era do Gelo
4 deve ficar em segundo lugar na bilheteria, com US$13,3 milhões. A terceira
posição deve ser de The Watch, com 13 milhões. O quarto e o quinto lugar devem
ficar com Step Up Revolution e Ted, com US$ 11,8 milhões e US$ 7,3 milhões,
respectivamente.
CRÍTICA
Com O
Cavaleiro das Trevas Ressurge, Christopher Nolan encerra o tríptico iniciado em
2005 com Batman Begins, seguido de O Cavaleiro das Trevas em
2008. A saga do personagem criado por Bob Kane, do trauma dos anos de infância
à apoteose final, cavalgando vitorioso em direção ao pôr do sol, está completa
e, talvez, conclusa. O tratamento mais maduro, em oposição ao estilo fabulista
de Tim Burton e ao andrógino-cafona de Joel Schumacher, outros dois diretores
da "franquia", está diretamente ligado à forma como trabalha o
diretor. O resultado é um filme que herdou dos clássicos (Lawrence da Arábia, A Batalha
de Argel, para citar dois) a qualidade mesmerizante que só o cinema tem.
Longe do
confete de Hollywood, em silêncio, com o mesmo diretor de fotografia (o genial
Wally Pfister) e o mesmo montador (Lee Smith), a esposa como produtora e o
irmão como seu co-roteirista, Nolan não replica nenhum artifício visual ou
narrativo que tenhamos visto em quaisquer outros longas de super-heróis, a
começar pelo 3D, o qual recusa com veemência, preferindo o formato IMAX, em
gloriosos 70 milímetros. Pouco do que está na tela é gerado por computador: o
Batman no alto da ponte, vigiando a cidade, é um homem real, a caráter, no alto
da maldita ponte.
Tudo é
gigantesco e pleno de fisicalidade. E deve ser. A trilogia é encerrada no
volume de um trovão e com o impacto de dez deles.
"Espero
que você vá e não retorne", deseja o mordomo Alfred (Michael Caine) a um
alquebrado Bruce Wayne (Christian Bale, muito carisma, charme zero). Recolhido
à própria mansão durante oito anos, carregando a morte do promotor Harvey Dent
nas costas, Wayne é instado a salvar Gotham, dessa vez da destruição absoluta.
Se o Coringa, o vilão de Heath Ledger em Cavaleiro das Trevas, só queria
ver o circo pegar fogo, Bane (Tom Hardy) quer vê-lo em cinzas, no chão. Tal e
qual o anterior, não sabemos de suas origens ou de onde vem tanto ódio. Ele não
é pior, mas sim mais resoluto. Sua função primeira é nos lembrar (e lembrar ao
personagem) de que se trata de um homem numa fantasia de morcego, logo tanto
seu corpo quanto sua alma podem ser estraçalhados.
Para sair do
exílio e salvar a cidade, Wayne/Batman procura novamente os serviços e
traquitanas as mais avançadas de Lucius Fox (Morgan Freeman), que faz o mesmo que
o agente Q dos filmes de James Bond, exceto por fazê-lo com o ar de quem
oferece fragmentos da Santa Cruz. Estão ainda na seara dos colaboradores o
Comissário Gordon (Gary Oldman), um policial novato (Joseph Gordon Levitt), uma
bilionária com passado obscuro (Marion Cotillard) e uma ladra transformada em
aliada, Selina Kyle (Anne Hathaway). Destacada na turma, a personagem de
Hathaway em momento algum é chamada pelo nome óbvio de Mulher-Gato e carrega
consigo o valor primeiro da trama: perseverança.
Enquanto seus
pares optam pela histeria (Os Vingadores) ou pela estética modernosa (O
Espetacular Homem Aranha), o "novo Batman" nos convida sobriamente,
sem muitas exigências. É possível vê-lo sem nenhum conhecimento prévio do que
se passou nos filmes anteriores. Há um homem que mais uma vez deve vencer o
próprio medo - neste caso o maior, o da morte. Esse homem não tem como protelar
o embate e, no final, deve contar apenas consigo mesmo, embora tantos à sua
volta o ajudem ao longo do percurso. A esta jornada tão simples, Nolan e o
roteirista David Goyer associam uma série de pequenas e valiosas subtramas que
compõe em ritmo constante o quadro maior do filme.
Há nisso uma
homenagem ao Cinema - assim, maiúsculo -, podem crer. Um showman instintivo,
kubrickiano em suas composições de quadro, Nolan sempre volta a Cecil B. De
Mille e sua inabalável fé no "Grande Evento". Quem vai ao cinema paga
por sonhos. 'O Cavaleiro das Trevas Ressurge' é uma coleção de "Grandes
Eventos" e dá ao espectador o exato tamanho de todos eles. Trata-se do
melhor filme de seu gênero e, com a quantidade exata de boa vontade e apreço
pela arte, o melhor filme de 2012.
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