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A greve dos
professores das universidades federais já completou mais de 20 dias com adesão
de profissionais de 51 instituições. Mas ainda não há previsão para o fim da
paralisação, já que, desde que a greve foi decretada, não houve nenhuma reunião
de negociação entre a categoria e o Ministério do Planejamento. Na terça-feira,
o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, reuniu-se com o comando de greve e
informou que uma nova reunião será feita na próxima semana, mas o encontro
ainda não foi marcado, segundo o Sindicato Nacional dos Docentes das
Instituições de Ensino Superior (Andes).
Após a Marcha
Unificada dos Servidores Públicos que reuniu diversas categorias em Brasília no
início da semana, membros dos sindicatos se encontram com o secretário
executivo adjunto do Ministério do Planejamento, Valter Silva. Mas, segundo
Aloisio Porto, do Comando de Greve do Sindicato Nacional dos Docentes das
Instituições de Ensino Superior ( Andes), não foi feita nenhuma nova proposta.
"O MEC chamou a gente para conversar, mas por causa da pressão. Eles ainda
não têm uma proposta concreta", disse o líder sindical.
A principal
reivindicação dos docentes é a revisão do plano de carreira. Em acordo firmado
no ano passado, o governo prometeu um reajuste de 4%, a incorporação de parte
das gratificações e a revisão do plano para 2013. Os dois primeiros pontos já
foram atendidos, mas não houve avanço na revisão da carreira. O Ministério da
Educação considera a greve precipitada, já que, na avaliação de Mercadante, há
tempo suficiente de reformular a carreira antes que seja fechado o Projeto de
Lei Orçamentária para 2013, o que ocorrerá até 31 de agosto.
Greve dos professores da Bahia bate Recorde - Justiça manda Governador devolver salário de professores em greve
A greve dos professores estaduais na Bahia chega
quarta-feira a 57 dias de duração, batendo o recorde anterior de tempo de
paralisação da categoria, de 56 dias, registrado em 2007 - o primeiro ano de governo
do atual chefe do executivo baiano, Jaques Wagner (PT). Em assembleia realizada
na manhã desta terça-feira, os docentes decidiram pela manutenção do
movimento. A próxima assembleia está marcada para o dia 12. Cerca de 1,1 milhão
de alunos estão sem aulas no Estado por causa da greve.
Para evitar que a paralisação batesse o recorde de dias, o
governo abriu mão de uma de suas condições, a de não negociar durante a greve -
que já foi considerada ilegal pela Justiça -, e apresentou segunda-feira nova
proposta para os professores: a antecipação das progressões de carreira para a
categoria, inicialmente previstas para novembro de 2013 e de 2014, para
novembro deste ano e abril do ano que vem. Somadas aos 6,5% já aprovados, as
progressões resultariam, segundo o governo, em reajustes de 22% a 26% nos
vencimentos dos professores até abril.
A proposta foi rejeitada na assembleia desta terça-feira,
que reuniu cerca de 1,5 mil professores, apesar de o presidente do Sindicato
dos Trabalhadores em Educação no Estado da Bahia (APLB-Sindicato),
Rui Oliveira, ter considerado "um avanço" o governo ter feito uma
proposta durante a greve. "Apesar disso, a proposta não atende às nossas
reivindicações", justificou.
O Tribunal
de Justiça da Bahia concedeu liminar aos professores da Rede Estadual de Ensino e ordenou que o Governo do
Estado devolva aos trabalhadores grevistas os salários que não foram pagos
devido ao corte de ponto promovido pela Secretaria de Educação. A ordem foi
expedida pela desembargadora Lícia de Castro Carvalho nesta segunda-feira e já
foi publicada no Diário Oficial da Justiça.
Os professores estão em greve desde abril de 2012, em que mais de 1
milhão de alunos estão prejudicados pela falta de aulas. A greve começou no
último dia 11 de abril e desde o dia 13 os docentes ocupam a Assembleia
Legislativa, que virou o local de concentração oficial da greve. Os professores
querem 22,22% de aumento para todas as categorias do ensino estadual. O governo
alega que não há verba para tal.
A
desembargadora julgou um pedido enviado pela APLB Sindicato e deu razão aos
argumentos dos trabalhadores. Na liminar, consta que o fato do governo de
cortar salários é "violador de direito líquido e certo", além de
"ilegal, ilegítimo e injusto". O salário dos professores, de acordo
com o abalizamento da magistrada, é de natureza familiar e a realização de uma
greve não é motivo razoável para impedir seu pagamento.
Justa Justiça
Além disto, foi também ordenado que os servidores da educação voltassem a ter acesso ao Planserv e também os créditos consignados aos quais têm direito devido à segurança financeira e de saúde. O sindicato adicionou que não existe nenhuma lei de greve específica que regule a forma como deverão ser repostos os dias parados na paralisação e que greve e falta ao trabalho são dois conceitos diferentes, errando o governo em promover o corte de ponto por uma reivindicação que é um direito trabalhista.
Segundo a
desembargadora, a ordem deve ser cumprida imediatamente e a liminar foi
endereçada ao Estado em nome do procurador-geral do Estado, Rui Moraes Cruz (foto a direita),
que deve informar o governo do desejo da Justiça. Não há, porém, nenhuma multa
prevista em caso de descumprimento da medida. O governo ainda não divulgou
posicionamento quanto à liminar.
O presidente
do sindicato, Rui Oliveira, disse estar feliz com o posicionamento da Justiça,
pelo qual se espera há muito tempo, desde que a advogada Rita de Cássia Souza
entrou com o pedido de liminar após o anúncio do corte de ponto. "Justiça
tarda, mas não falha", declarou. Milhares de professores tiveram o salário
zerado e, com isto, não conseguem pagar contas ou mesmo fazer supermercado
desde o início deste mês.
Oliveira (foto à esquerda) diz
que prefere não comentar sobre a possibilidade do governo contestar a ordem e
não cumprir a medida. Segundo ele, não o cabe contestar uma ordem judicial e
tampouco considerar sobre os futuros procederes por parte da administração
pública. "Eu vou continuar a fazer a minha parte, que é lutar para que a
justiça seja feita".
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