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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

((V)) A dependência química dentro das instituições militares estaduais

((V)) Ceará VermelhoTV


((V)) O Jornal O povo, do Ceará, publicou no dia 22.10.2012, uma matéria sobre um tema há anos denunciados por P. Queiroz, Presidente da Associação dos Praças da PM e dos Bombeiros, ASPRAMECE, e Presidente da Associação Nacional de Praças, ANASPRA:  A dependência química nas instituições militares. Nesta matéria, ilustraremos um pouco mais a matéria contundente, com fotos e vídeos, escrita pelo notável jornalista, Bruno de Castro do Jornal O Povo, para tornar mais amplo o conhecimento dos fatos aqui descritos.

Quando quem deveria combater é dependente ou traficante

O POVO abre arquivos da PM e mostra dramas de militares envolvidos com entorpecentes. Líderes falam em "caos"; Comando Geral ameniza

O soldado chega ao estabelecimento acompanhado de três pessoas. Busca o local mais reservado, olha ao redor e tira papelotes do bolso. Chama o grupo discretamente enquanto espalha o pó. Todos inalam as fileiras certos de estarem sozinhos. Mas são flagrados. Armado, o PM ameaça os guardas do lugar. A pistola calibre 38 não tem registro. Ele vai preso. Era 2011. Em janeiro último, foi expulso da corporação. Uma das três demissões do ano por fomento a um mercado assassino e contra o qual deveriam lutar por serem agentes de segurança.

Em consulta feita aos boletins internos emitidos pelo Comando da Polícia Militar cearense de janeiro de 2011 a 19 de outubro deste ano, O POVO localizou 18 citações de militares acusados de tráfico de drogas e/ou uso pessoal de entorpecentes. Foram inspecionados 449 documentos.

Em 2012, cinco casos foram julgados (três por uso pessoal e dois por tráfico) e resultaram em uma prisão e três expulsões (duas por uso pessoal e uma por tráfico). Uma punição ainda será definida. Em 2011, foram 13 processos (cinco por uso pessoal e oito por tráfico) que culminaram em uma prisão, três julgados incapazes de permanecer na PM, duas absolvições, seis expulsões e uma punição não divulgada.

O POVO solicitou o mesmo estudo à Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário, mas foi informado de que a pasta não dispõe de um levantamento detalhado dos motivos pelos quais sofrem sanções os PMs cearenses condenados em processos administrativos.

Lideranças da categoria e estudiosos do tema denunciam ser bem maior o universo de militares dependentes químicos. “90% das LTS (Licença para Tratamento de Saúde) concedidas têm a ver com droga. Virou caso de saúde pública dentro da própria PM. É um problema para encarar de frente, mas o Comando não oferece ajuda e o Governo não tem interesse de dizer que sua Polícia está drogada. Desse jeito, a gente vai parar no caos”, projeta o presidente da Associação dos Praças da Polícia e Corpo de Bombeiros (Aspramece), Pedro Queiroz.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) não divulgou a quantidade de licenças cumpridas desde 2011. Levantamento da Aspramece indica, no entanto, terem sido 5.461 apenas de janeiro a setembro deste ano.

((V)) Veja agora, uma matéria exibida na TV cearense em 13.04.2010, onde P. Queiroz já alertava para o número de doenças psíquicas acometendo policiais militares e, em outra feita, após uma marcha que realizou saindo da Praça do Canal 10, em Fortaleza, indo até a Assembleia Legislativa, marrou o mesmo problema ao então Líder do Governo, Deputado Nelson Martins.




((V)) Após caminhadas e protestos encabeçados pelos representantes da ASPRAMECE, ACS, AOMECE e ASSEPEC (associação de esposas de militares) na Assembléia Legislativa do Estado do Ceará que perduraram por 8 dias, P. Queiroz, Cap BM Giuliano, Flavio Sabino e Nina Carvalho, O Presidente da ASPRAMECE, P. Queiroz, faz graves denúncias sobre o estado de saúde da tropa em virtude de uma escala de serviço, antes aplicada, a (6X1), massacrante e patológica. 

“Eu tenho 27 anos de polícia e nunca vi antes o que está acontecendo agora! Policiais são assaltados em praça pública, fardados e de serviço! Só há uma explicação: O Homem está cansado e com seus reflexos diminuídos  Estamos virando zumbis! "
Disse P. Queiroz, naquela oportunidade ao Lider do Governo, Deputado Nelson Martins.




Conforme Pedro Queiroz, o vício da maioria é o crack pelo fato de a cocaína ser cara. “Tem companheiro que vai pra ‘boca’ e, enquanto o dinheiro não acaba e o traficante não o coloca na sarjeta, ele não sai. Já teve caso de policial que vendeu tudo e deixou a mulher só com a roupa do corpo. A tropa está doente e se acabando.”

“Encaminhamos vários colegas para clínicas. É um mal crônico, com caso de a esposa também virar dependente. São pessoas vencidas pela droga”, acrescenta o presidente da Associação de Cabos e Soldados, Flávio Sabino.

O comandante-geral da PM, coronel Werisleik Pontes Matias, admite a existência de militares em situação de dependência. Nega, entretanto, gravidade na situação. “90% de LTS por uso de droga é algo desconhecido nosso. Até porque vai contra tudo o que prega a Polícia. É incompatível com a função”, argumenta.

O coronel diz tomar medidas para a corporação “sair ilesa e o cidadão não ser prejudicado” com possíveis baixas no efetivo e, consequentemente, no policiamento de rua. De acordo com Werisleik, o gargalo identificado refere-se à dependência alcoólica - para a qual a PM dispõe de um Centro Psicossocial (que também acolhe pacientes adictos).

Estatísticas de atendimento não foram divulgadas. “Uma vez detectado, o PM é afastado imediatamente e encaminhado a esse centro. Independente disso, uma vez o PM se recuperando, ele vai responder administrativamente pelo fato de ter se envolvido com droga (seja por tráfico ou uso pessoal). Mas é uma situação sob controle.”

ENTENDA A NOTÍCIA

Por terem contato diário com o cotidiano das drogas, PMs estão mais expostos ao perigo delas. Condições de trabalho, familiares e do bairro onde moram também influenciam a possibilidade de se tornarem dependentes ou traficantes.

Serviço
Denúncias de desvio de conduta de policiais podem ser feitas à CGD pelo telefone
3101 5042

449
boletins emitidos pelo comando da PM em 2011 e 2012 foram consultados pelo O POVO

18
ocorrências citaram o envolvimento de PMs com tráfico ou uso de drogas nos dois anos

13%
da população mundial tem alguma dependência química, segundo a OMS


Diante da falta de estrutura dentro da PM, militares migram para serviço oferecido pela Prefeitura ou pagam tratamento do próprio bolso. SSPDS diz ter vagas em

Pelo menos 20 policiais militares dependentes de drogas são atendidos mensalmente pelos seis Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) da Prefeitura de Fortaleza. Segundo lideranças da categoria, isso acontece porque a estrutura do Centro Psicossocial da PM não condiz com a realidade do número de dependentes.

Há apenas uma psicóloga para atender a todos os casos. Não há psiquiatra. O Comando da PM admite a limitada condição do órgão, mas promete melhorias - especialmente no tocante à contratação de profissionais. “Muitos procuram clínicas privadas e pagam do próprio bolso”, diz Pedro Queiroz.

De acordo com a coordenadora do serviço de Saúde Mental da Capital, Rane Félix, o quadro só se agravou há um ano e meio. “A gente acolhe como qualquer cidadão. Muitos têm transtornos por causa do estresse.” Se for constatada a necessidade de internação para desintoxicação, o paciente é encaminhado ao Hospital de Messejana, à Santa Casa da Misericórdia ou a uma comunidade terapêutica (120 vagas).

Psicólogo especialista em dependência química, fundador e coordenador do Instituto Volta Vida, Osmar Diógenes cita estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) que indica 13% da população mundial dependente química para destacar a gravidade do problema da PM cearense.

Ele critica a falta de espaços isolados e exclusivos à desintoxicação/ressocialização de militares adictos. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) diz manter convênio com a ONG Esperança de Vida, localizada em Maranguape. “Já tivemos várias situações de PMs no nosso instituto. Internamos até coronel. Não é só parar de usar a droga. Ele tem que mudar o comportamento; tem que viver outra vida. Tem que renascer. Só tratamento ambulatorial, principalmente para usuário de crack, não funciona”, frisa Diógenes.

SSPDS e cúpula da PM asseguram retaguarda a qualquer policial que busque o Comando Geral pedindo ajuda para recuperar-se da dependência.

Representantes da categoria e especialista rebatem. “Não existe um tratamento específico para dependente químico na Polícia. Tem bastante PM com esse problema, mas é uma situação velada. Já conversei com militar que usou cocaína pra aguentar plantão. O trabalho do Centro Psicossocial é limitado. Não tem atendimento de emergência nem psiquiatra. É só ambulatorial”, aponta Larissa Sales, pesquisadora da UFC.

“Até hoje, não ouvi o Governo dizer que vai construir uma clínica de reabilitação”, completa o presidente da Aspramece, Pedro Queiroz.

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