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Jornal O povo, do Ceará, publicou no dia 22.10.2012, uma matéria sobre um tema
há anos denunciados por P. Queiroz, Presidente da Associação dos Praças da PM e
dos Bombeiros, ASPRAMECE, e Presidente da Associação Nacional de Praças,
ANASPRA: A dependência química nas
instituições militares. Nesta matéria, ilustraremos um pouco mais a matéria
contundente, com fotos e vídeos, escrita pelo notável jornalista, Bruno de
Castro do Jornal O Povo, para tornar mais amplo o conhecimento dos fatos aqui descritos.
Quando quem deveria combater é dependente ou
traficante
O
POVO abre arquivos da PM e mostra dramas de militares envolvidos com
entorpecentes. Líderes falam em "caos"; Comando Geral ameniza
O soldado
chega ao estabelecimento acompanhado de três pessoas. Busca o local mais
reservado, olha ao redor e tira papelotes do bolso. Chama o grupo discretamente
enquanto espalha o pó. Todos inalam as fileiras certos de estarem sozinhos. Mas
são flagrados. Armado, o PM ameaça os guardas do lugar. A pistola calibre 38
não tem registro. Ele vai preso. Era 2011. Em janeiro último, foi expulso da
corporação. Uma das três demissões do ano por fomento a um mercado assassino e
contra o qual deveriam lutar por serem agentes de segurança.
Em consulta
feita aos boletins internos emitidos pelo Comando da Polícia Militar cearense
de janeiro de 2011 a
19 de outubro deste ano, O POVO localizou 18 citações de militares acusados de
tráfico de drogas e/ou uso pessoal de entorpecentes. Foram inspecionados 449
documentos.
Em 2012,
cinco casos foram julgados (três por uso pessoal e dois por tráfico) e
resultaram em uma prisão e três expulsões (duas por uso pessoal e uma por
tráfico). Uma punição ainda será definida. Em 2011, foram 13 processos (cinco
por uso pessoal e oito por tráfico) que culminaram em uma prisão, três julgados
incapazes de permanecer na PM, duas absolvições, seis expulsões e uma punição
não divulgada.
O POVO
solicitou o mesmo estudo à Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de
Segurança Pública e Sistema Penitenciário, mas foi informado de que a pasta não
dispõe de um levantamento detalhado dos motivos pelos quais sofrem sanções os
PMs cearenses condenados em processos administrativos.
Lideranças da
categoria e estudiosos do tema denunciam ser bem maior o universo de militares
dependentes químicos. “90% das LTS (Licença para Tratamento de Saúde)
concedidas têm a ver com droga. Virou caso de saúde pública dentro da própria
PM. É um problema para encarar de frente, mas o Comando não oferece ajuda e o
Governo não tem interesse de dizer que sua Polícia está drogada. Desse jeito, a
gente vai parar no caos”, projeta o presidente da Associação dos Praças da
Polícia e Corpo de Bombeiros (Aspramece), Pedro Queiroz.
Procurada,
a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) não divulgou a
quantidade de licenças cumpridas desde 2011. Levantamento da Aspramece indica,
no entanto, terem sido 5.461 apenas de janeiro a setembro deste ano.
((V)) Veja agora, uma matéria exibida na TV cearense em 13.04.2010, onde P. Queiroz já alertava para o número de doenças psíquicas acometendo policiais militares e, em outra feita, após uma marcha que realizou saindo da Praça do Canal 10, em Fortaleza, indo até a Assembleia Legislativa, marrou o mesmo problema ao então Líder do Governo, Deputado Nelson Martins.
((V)) Após
caminhadas e protestos encabeçados pelos representantes da ASPRAMECE, ACS,
AOMECE e ASSEPEC (associação de esposas de militares) na Assembléia
Legislativa do Estado do Ceará que perduraram por 8 dias, P. Queiroz, Cap BM
Giuliano, Flavio Sabino e Nina Carvalho, O Presidente da ASPRAMECE, P. Queiroz,
faz graves denúncias sobre o estado de saúde da tropa em virtude de uma escala
de serviço, antes aplicada, a (6X1), massacrante e patológica.
“Eu tenho 27 anos de polícia e nunca
vi antes o que está acontecendo agora! Policiais são assaltados em praça
pública, fardados e de serviço! Só há uma explicação: O Homem está cansado e
com seus reflexos diminuídos Estamos virando zumbis! "
Disse P. Queiroz,
naquela oportunidade ao Lider do Governo, Deputado Nelson Martins.
Conforme Pedro Queiroz, o vício da maioria é o crack pelo fato de a cocaína ser cara. “Tem
companheiro que vai pra ‘boca’ e, enquanto o dinheiro não acaba e o traficante
não o coloca na sarjeta, ele não sai. Já teve caso de policial que vendeu tudo
e deixou a mulher só com a roupa do corpo. A tropa está doente e se acabando.”
“Encaminhamos
vários colegas para clínicas. É um mal crônico, com caso de a esposa também
virar dependente. São pessoas vencidas pela droga”, acrescenta o presidente da
Associação de Cabos e Soldados, Flávio Sabino.
O
comandante-geral da PM, coronel Werisleik Pontes Matias, admite a existência de
militares em situação de dependência. Nega, entretanto, gravidade na situação.
“90% de LTS por uso de droga é algo desconhecido nosso. Até porque vai contra
tudo o que prega a Polícia. É incompatível com a função”, argumenta.
O coronel
diz tomar medidas para a corporação “sair ilesa e o cidadão não ser
prejudicado” com possíveis baixas no efetivo e, consequentemente, no
policiamento de rua. De acordo com Werisleik, o gargalo identificado refere-se
à dependência alcoólica - para a qual a PM dispõe de um Centro Psicossocial
(que também acolhe pacientes adictos).
Estatísticas
de atendimento não foram divulgadas. “Uma vez detectado, o PM é afastado
imediatamente e encaminhado a esse centro. Independente disso, uma vez o PM se
recuperando, ele vai responder administrativamente pelo fato de ter se
envolvido com droga (seja por tráfico ou uso pessoal). Mas é uma situação sob
controle.”
ENTENDA A
NOTÍCIA
Por terem
contato diário com o cotidiano das drogas, PMs estão mais expostos ao perigo
delas. Condições de trabalho, familiares e do bairro onde moram também influenciam
a possibilidade de se tornarem dependentes ou traficantes.
Serviço
Denúncias
de desvio de conduta de policiais podem ser feitas à CGD pelo telefone
3101 5042
449
boletins
emitidos pelo comando da PM em 2011 e 2012 foram consultados pelo O POVO
18
ocorrências
citaram o envolvimento de PMs com tráfico ou uso de drogas nos dois anos
13%
da
população mundial tem alguma dependência química, segundo a OMS
Diante da
falta de estrutura dentro da PM, militares migram para serviço oferecido pela
Prefeitura ou pagam tratamento do próprio bolso. SSPDS diz ter vagas em
Pelo menos
20 policiais militares dependentes de drogas são atendidos mensalmente pelos
seis Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) da Prefeitura de
Fortaleza. Segundo lideranças da categoria, isso acontece porque a estrutura do
Centro Psicossocial da PM não condiz com a realidade do número de dependentes.
Há apenas
uma psicóloga para atender a todos os casos. Não há psiquiatra. O Comando da PM
admite a limitada condição do órgão, mas promete melhorias - especialmente no
tocante à contratação de profissionais. “Muitos procuram clínicas privadas e
pagam do próprio bolso”, diz Pedro Queiroz.
De acordo
com a coordenadora do serviço de Saúde Mental da Capital, Rane Félix, o quadro
só se agravou há um ano e meio. “A gente acolhe como qualquer cidadão. Muitos
têm transtornos por causa do estresse.” Se for constatada a necessidade de
internação para desintoxicação, o paciente é encaminhado ao Hospital de
Messejana, à Santa Casa da Misericórdia ou a uma comunidade terapêutica (120
vagas).
Psicólogo
especialista em dependência química, fundador e coordenador do Instituto Volta
Vida, Osmar Diógenes cita estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) que
indica 13% da população mundial dependente química para destacar a gravidade do
problema da PM cearense.
Ele critica
a falta de espaços isolados e exclusivos à desintoxicação/ressocialização de
militares adictos. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS)
diz manter convênio com a ONG Esperança de Vida, localizada em Maranguape. “Já
tivemos várias situações de PMs no nosso instituto. Internamos até coronel. Não
é só parar de usar a droga. Ele tem que mudar o comportamento; tem que viver
outra vida. Tem que renascer. Só tratamento ambulatorial, principalmente para
usuário de crack, não funciona”, frisa Diógenes.
SSPDS e
cúpula da PM asseguram retaguarda a qualquer policial que busque o Comando
Geral pedindo ajuda para recuperar-se da dependência.
Representantes
da categoria e especialista rebatem. “Não existe um tratamento específico para
dependente químico na Polícia. Tem bastante PM com esse problema, mas é uma
situação velada. Já conversei com militar que usou cocaína pra aguentar
plantão. O trabalho do Centro Psicossocial é limitado. Não tem atendimento de
emergência nem psiquiatra. É só ambulatorial”, aponta Larissa Sales,
pesquisadora da UFC.
“Até hoje,
não ouvi o Governo dizer que vai construir uma clínica de reabilitação”,
completa o presidente da Aspramece, Pedro Queiroz.
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